“Eu era a única mulher na sala, e assim, para fazer o que eu mais amava, eu meio que me tornei ‘um dos caras’. Em uma entrevista para o Meet the Filmmakers, Kristen Lester, produtora do curta Purl, relata uma situação recorrente dentro do ambiente empresarial a qual deu origem a produção da Pixar. Na sociedade contemporânea, as mulheres vem ganhando cada vez mais espaço dentro do mercado de trabalho, porém ainda enfrentam diversos obstáculos como autonomia e aceitação por parte dos membros da empresa.
Essas adversidades são a história de Purl que em apenas 9 minutos, retrata de forma lúdica e educativa quais são os efeitos da masculinidade tóxica e da falta de diversidade no ambiente corporativo e no mercado de trabalho.
Purl é um novelo de lã simpático que está começando seu trabalho na empresa de investimentos B.R.O. Capital. Como o próprio nome já sugere se trata de um ambiente repleto de homens e com nenhuma diversidade. Logo no primeiro dia a Purl se percebe rodeada por homens brancos de ternos interessados apenas em assuntos tipicamente masculinos e com uma cultura de agressividade nas decisões que são tomadas.
Ela não se encaixa nesse grupo e se depara com a exclusão, portas (literalmente) fechadas, interrupções constantes e, então, é forçada a se adaptar para ser vista, ouvida e reconhecida. A Purl se “auto-tricota” para ficar mais parecida com o grupo passa usar terno, a andar, falar, agir e pensar como um deles. É uma mudança completa de quem ela é e faz o grupo respeitá-la.
A mensagem por trás dessa história da Pixar é para refletirmos como um ambiente pouco diverso pode afetar as pessoas que estão nele. As mudanças que a Purl teve que fazer consigo para ser aceita acontecem constantemente em nossa sociedade e locais de trabalhos.
As consequências de não termos diversidade nesses ambientes e não aceitarmos as individualidades são imensas. Incluindo menos satisfação com o trabalho, menos felicidade dos funcionários e baixa retenção de talentos. Segundo estudo McKinsey, empresas da América Latina que adotam a diversidade tendem a superar outras empresas em práticas-chave de negócios como inovação e colaboração, e seus líderes são melhores em promover a confiança e o trabalho em equipe.
Por fim, o curta termina com chave de ouro mostrando como a exclusão se perpetua. Após a Purl já fazer parte do grupo de homens da empresa uma nova funcionária é recrutada, um segundo novelo de lã chamado Lacey. Por pressão do grupo a própria Purl passa a rejeitar a Lacey que não se encaixa nos padrões. No entanto, como o título desse texto sugere, a Pixar acertou em cheio nesse curta e o final não deixa absolutamente nada a desejar. Não deixe de assistir!